domingo, 15 de agosto de 2010

Entrevista: Fabiano Filier Cazetto

Nosso entrevistado da semana é um judoca com Licenciatura em Educação física pela UNICAMP e Mestre em Educação Física. Graduado faixa preta nidan no judô foi um competidor que decidiu dedicar-se aos estudos acadêmicos na modalidade. Fabiano Filier Cazetto, 28 anos, mesmo com seu tempo escasso, concedeu-nos esta entrevista uchikomi. Seu técnico na sua fase de competidor foi o professor Ronaldo Magno Ribeiro, quando então competia pela Associação dos Funcionários da Robert Bosch, em Campinas.

Principais títulos:
Duas vezes vice-campeão paulista do interior; terceiro colocado no Paulista Aberto por Faixas.
Vamos inicialmente fazer uma apresentação dos trabalhos e artigos de Fabiano Cazetto.

Livros publicados:
Fabiano prepara para esse semestre seu primeiro capítulo de livro pela editora Phorte. Vai ser sobre seu mestrado, porém em outro formato. O título do livro é ‘Pedagogia do Esporte e Competição’ e o seu capítulo é: ‘As influências do Esporte Espetáculo sobre o MODELO de competição dos mais jovens’.
Nele, discute um pouco as implicações educacionais (conhecimentos e valores) dos formatos espetacularizados de competição sobre os modelos de competição dos mais jovens. São propostas também algumas alternativas que poderiam melhor aproveitar o cenário competitivo para formação dos mais jovens.

Artigos publicados e o meio:
Tem publicado regularmente, seja através de congressos, revistas impressas ou capítulos de livro. Segundo Fabiano, a tendência hoje é que as publicações fiquem sempre disponíveis on-line, mesmo que sejam publicadas originalmente em um congresso ou em formato impresso, isso representa um avanço muito grande no que diz respeito ao direito ao acesso ao conhecimento acadêmico.
Hoje em dia é possível baixar dissertações inteiras pela internet, e ele faz questão de deixar a dele disponível on-line assim que terminou o mestrado. Tudo que pode deixa disponível, é uma ótima maneira de divulgar suas idéias, de receber críticas, de construir novas perspectivas.

Alguns de seus trabalhos são:
Esse artigo foi publicado neste ano na Conexões, revista da Faculdade de Educação Física da Unicamp. Nele discute um pouco de como os responsáveis pelas agremiações pensam sobre a competição dos mais jovens.

Nesta mesma revista tem um artigo interessante em que discute o aumento do número de publicações em Lutas e Artes Marciais em congresso de Iniciação Científica nos últimos 12 anos na Unicamp: "Publicações sobre lutas e Artes Marciais em Congressos de Iniciação Científica".

Alguns trabalhos dedicados às questões de ensino, como é o caso dessa resenha publicada na Federal de Santa Catarina: Lutas e Artes Marciais na Escola: "Das Brigas aos Jogos com regras" de Jean-Claude Olivier.

Alguns trabalhos mais antigos como o publicado nesta revista de Buenos Aires: O jogo como meio, o 'tecnicismo' de cara nova: o caso do judô, onde discute um pouco do enfoque que pode ser dado ao Judô pensado na perspectiva de Jogo.

E possui várias outras publicações, sendo possível encontrá-las através de ferramentas de busca na internet procurando pelo seu sobrenome (Cazetto) poderá encontrar a maioria de seus artigos on-line. Também está sempre à disposição através de seu e-mail: fabianocazetto@yahoo.com.br.

B.O.: Com que idade começou a praticar judô?
Fabiano: Comecei a praticar Judô com 7 anos de idade no clube da Bosch por influência de meus pais. Isso foi em 1988, ano que Aurélio Miguel trouxe o primeiro ouro olímpico para o Judô Brasileiro. Claro que na época eu nem tinha noção do que isso representava, apenas gostava de lutar e me adaptava bem à disciplina do Judô.

B.O.: Focava seus treinos para competição?
Fabiano: Sempre gostei de competir, porém nunca recebi fortes pressões de minha família como um todo ou de meu pai que me acompanhava mais de perto. Na época no clube quase todos iam para campeonatos, no treino não existia separação entre quem ia ou não competir, treinávamos para aprender Judô, entender as técnicas e a filosofia, competir era uma conseqüência.

B.O.: Como divide seu tempo? Continua treinando judô? (Se sim) Treina para competir?
Fabiano: Atualmente divido meu tempo entre as aulas de Educação Física Escolar que dou para o Ensino Médio em uma Escola particular na região de Campinas, as aulas de Judô que dou em outra escola e a academia a noite onde treino e dou aulas. É claro que ainda tem que sobrar um tempo para me dedicar às pesquisas e à Universidade.
Minha carga horária de trabalho passa de 60 horas semanais entre aulas, horas extras, palestras e reuniões, assim somente consigo treinar Judô enquanto estou dando aula.
Operei três vezes o joelho por que queria voltar a competir, já faz um bom tempo que não participo de nenhum campeonato de Judô, porém tenho muita vontade de voltar e eventualmente, quando consigo treinar um pouco mais, participo em campeonatos de outras modalidades. No ano passado voltei a lutar no jiu-jitsu e estreei no Kung-Fu (Boxe Chinês).

B.O.: Um momento marcante para você com a modalidade:
Fabiano: Uma das minhas linhas de pesquisa é a competição esportiva. O tema me fascina, lembro de muitos momentos em minha vida esportiva. Consigo recordar como se fosse hoje meus primeiros campeonatos, os medos, as derrotas, as vitórias, as alegrias. A competição é algo que marca a vida das pessoas, para o bem e para o mal, por isso merece atenção dos estudos acadêmicos.

B.O.: Essa é uma pergunta um pouco óbvia, mas como surgiu o interesse em seguir a carreira acadêmica na área de lutas?
Fabiano: Com 18 anos entrei na Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), logo no primeiro ano já procurei professores que pudessem me auxiliar nos meus estudos. O professor Roberto Paes (Robertão) foi meu primeiro orientador e me deu todo o suporte para escrever meus projetos de pesquisa. Tive também muita ajuda do professor Júlio Gavião nos projetos de extensão que levavam o Judô para a comunidade local, principalmente para universitários.
Mais tarde tive a oportunidade de participar do programa de mestrado sob orientação do professor Paulo Cesar Montagner (Cesinha). Neste último projeto estudei a estrutura/formato da competição de Judô dos mais jovens utilizando a sociologia e a pedagogia para entender esse fenômeno social.

B.O.: Algum projeto acadêmico em andamento?
Fabiano: Durante as primeiras fases dos meus estudos ficaram muitas coisas por publicar, como eu estudava, trabalhava e treinava ao mesmo tempo muitos de meus estudos foram apenas publicados parcialmente. Atualmente tenho tido um esforço em publicar, tornar públicos, acessível a todos, aquilo que foi construído dentro de uma universidade pública, nada mais justo que fique disponível a todos.
Meu primeiro projeto foi sobre o ensino do Judô, logo nos primeiros anos de faculdade pude acompanhar como o professor Robertão conseguia despertar o interesse dos alunos pelo basquete através de uma metodologia de aula bem organizada e simples. Todos os alunos, mesmo que nunca tivessem jogado basquete, saiam da aula dele preparados para ensinar basquete, meu projeto era sistematizar alguns elementos fundamentais do Judô para que fosse possível que todos pudessem também ter acesso à essa prática.
Depois de estudar isso nos primeiros anos fizemos um projeto que foi aprovado pelo CNPq e fui pesquisar como era ensinado o Judô nos diferentes cenários (Clube, Academia, Escola). Tive muita ajuda e colaboração dos professores voluntários neste projeto, eles me receberam em suas aulas, responderam questionários, foram super prestativos.
O segundo projeto aprovado pelo CNPq foi sobre a participação dos Pais na competição, também tive colaboração total dos dirigentes e dos pais neste projeto. O ultimo projeto foi o mestrado em que estudei a competição. Agora tenho centrado mais meus estudos nas questões escolares.

B.O.: Qual sua meta com as pesquisas e trabalhos acadêmicos?
Fabiano: Os trabalhos mais antigos precisam ser publicados e divulgados nos mais diversos meios para que tenham sentido social, minha meta sempre foi fazer trabalhos que pudessem contribuir com a sociedade. Atualmente pretendo focar meus estudos mais na área escolar, construindo uma perspectiva para o trabalho educacional em lutas e artes marciais de forma digna e aprofundada.

B.O.: Qual recado você deixará para os judocas que queiram se formar em educação física e seguir a carreira acadêmica como você?
Fabiano: A vida acadêmica é uma opção em longo prazo que exige grande dedicação e tempo. Porém é necessário que tenhamos pessoas dispostas a se dedicar profundamente a essa área para que haja subsídio acadêmico na construção de uma sociedade melhor. A comunidade do Judô como um todo é muito solidária a pesquisa, o que ajuda muito para quem quer se dedicar à essa área.

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